segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Feliz Ano-Novo

Que neste ano que se inicia,
Qua as coisas boas da vida se perpetuem,
Outras boas novas, sem medo, se aproximem,
Mas devagar, sem solavancos,
Para que o caração, que já anda aos trancos,
Devagarzinho,
Saboreie mais a vitória.

Pennyroyal Tea

Esqueça-se do mundo,
Nós não esqueceremos,
Dos dois solitários,
Agarrados, sós, um ao outro,
Há velas e flores e gente,
Mas quem sente?
Não, não tenho uma arma,
Eu tenho meu violão,
É só o que preciso ter.
Tudo escuro,
“I’m on warn milk”...
Mesmo errado,
Vamos deixar assim,
Quero estar aqui,
Pode ser só o que tenho neste momento,
Me deixem sozinho,
Não quero ficar maior,
Quero minha casa molhada,
Quente e escura de antes,
Não me deixem alcançar o Nirvana,
Eu quero nada,
Eu quero ser eu,
Tomando um chá de ácidos,
Com bolachas e cerveja.

Porto

Meu navio naufragou,
Com meu barquinho fico a deriva,
Procurando um pincel,
Caso eu não chegue ao porto,
Vou pintar uma Aquarela,
No casco do meu barquinho de Papel...

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Morrer em Paris

Meu pai também queria morar sozinho,
Para não parecer um cachorrinho,
Só nunca usou bengala,
Nem tala,
Partiu tão cedo o vivente,
Talvez em Paris,
Alguém me diz,
Não seria tão diferente...

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Ainda

Quando nasci...
A vida me veio aos poucos,
Aos trancos loucos,
Por lá, por aqui.

As vezes desconheço,
E me entranho,
E me estranho,
E a vida desconheço.

As vezes sou derrotado,
Na longa partida,
Ou volto por cima.

Não se troca de lado,
Mas sempre a vida,
Nas dores ensina...

Um dia de cão

Procuro sarna para me coçar,

Com as penas de um poeta,

E um pouco perneta,

Procuro me equilibrar,

Nas linhas tortas do poema...

Como cão sem dono,

Vago pela rua,

Poetando para a lua,

Com o nada a me guiar.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Esfinges

A esfinge
Finge
Ser humana,
É tirana...

A esfinge
Finge
Ter emoção,
Sem coração...

A esfinge
Finge
Espalhar amor,
Com rancor...

E só finge
Ser esfinge,
Para não morrer
De dor...

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Desconhecido

Ilustremente desconhecido,

Eu caminho pela cidade,

Cidade minha que não conheço.

As pessoas desviam,

Como que se não me visse,

Ou como se eu não sentisse,

A frieza com que me fatiam.

Mesmo assim vou seguindo,

Juntando meus pedaços pelo chão,

Que fui deixando quando vinha,

Para não me perder ao voltar,

Como se não estivesse sentindo,

Que cada pedaço que ia caindo,

Não ia me encontrar...

Minha alma?

Esta ainda me acompanha, calada,

Caminhando pela estrada,

Como simples fugitiva,

Neste silêncio doloroso e mortal,

Que me craveja feito um punhal,

E ainda finge que está viva...

E meu coração?

Ah! Meu coração,

Este, eu vou puxando pela mão...

Coração

Você precisa ver,

O coração de um poeta,

Que bate de forma inquieta,

Por horas ele até bate,

Mas por muitas outras,

Ele se aquieta...

Tem horas,

Que bate de forma ritmada,

Uma batida, e uma parada,

É quando ele esta dentro,

Dos braços de sua amada...

sábado, 16 de agosto de 2008

Eu passarinho

Quando me mataram,

Pela décima vez,

Eu ainda era um jovem talento,

Ainda desconhecido.

Hoje estou velho,

Com o rosto esmaecido,

Agora, já me conhecem um pouquinho,

Só que me matam devagarzinho...


Poema, em homenagem ao centenário de Quintana (2006), premiado no Poemas no Ônibus - Gravataí - RS.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Homens bomba

Meus dezesseis homens bomba,

Estão no armário,

Eles não saem dali,

Cansados de explodir por qualquer coisa,

Se esconderam,

Ficaram com medo,

Agora tricotam a paz,

Com fiapos de dinamite...

Voando com borboletas invisíveis

Meus pensamentos voam,

Fogem pela janela,

Desesperados.

Somem pelo tempo,

Num viés de amanhã,

Do amanhã,

Que não chega,

Apenas espia pela janela,

Depois se encolhe,

Junto às folhas mortas de outono,

Pode ser pelo frio da noite,

Que desaba sorrateira e sombria,

Ou pelo inverno que se avizinha.

Do outro lado da rua,

O sol ainda espia, sonolento,

Iluminando quase sem luz,

Os navegares de seres risíveis,

Enquanto eu viajo,

Nos vôos imaginários,

Das minhas borboletas invisíveis.

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