segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Desconhecido

Ilustremente desconhecido,

Eu caminho pela cidade,

Cidade minha que não conheço.

As pessoas desviam,

Como que se não me visse,

Ou como se eu não sentisse,

A frieza com que me fatiam.

Mesmo assim vou seguindo,

Juntando meus pedaços pelo chão,

Que fui deixando quando vinha,

Para não me perder ao voltar,

Como se não estivesse sentindo,

Que cada pedaço que ia caindo,

Não ia me encontrar...

Minha alma?

Esta ainda me acompanha, calada,

Caminhando pela estrada,

Como simples fugitiva,

Neste silêncio doloroso e mortal,

Que me craveja feito um punhal,

E ainda finge que está viva...

E meu coração?

Ah! Meu coração,

Este, eu vou puxando pela mão...

Coração

Você precisa ver,

O coração de um poeta,

Que bate de forma inquieta,

Por horas ele até bate,

Mas por muitas outras,

Ele se aquieta...

Tem horas,

Que bate de forma ritmada,

Uma batida, e uma parada,

É quando ele esta dentro,

Dos braços de sua amada...

sábado, 16 de agosto de 2008

Eu passarinho

Quando me mataram,

Pela décima vez,

Eu ainda era um jovem talento,

Ainda desconhecido.

Hoje estou velho,

Com o rosto esmaecido,

Agora, já me conhecem um pouquinho,

Só que me matam devagarzinho...


Poema, em homenagem ao centenário de Quintana (2006), premiado no Poemas no Ônibus - Gravataí - RS.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Homens bomba

Meus dezesseis homens bomba,

Estão no armário,

Eles não saem dali,

Cansados de explodir por qualquer coisa,

Se esconderam,

Ficaram com medo,

Agora tricotam a paz,

Com fiapos de dinamite...

Voando com borboletas invisíveis

Meus pensamentos voam,

Fogem pela janela,

Desesperados.

Somem pelo tempo,

Num viés de amanhã,

Do amanhã,

Que não chega,

Apenas espia pela janela,

Depois se encolhe,

Junto às folhas mortas de outono,

Pode ser pelo frio da noite,

Que desaba sorrateira e sombria,

Ou pelo inverno que se avizinha.

Do outro lado da rua,

O sol ainda espia, sonolento,

Iluminando quase sem luz,

Os navegares de seres risíveis,

Enquanto eu viajo,

Nos vôos imaginários,

Das minhas borboletas invisíveis.

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